Há em Cabo Verde pessoas vendendo contratos de trabalho para Portugal, cobrando valores próximos a 200.000 escudos por um Contrato. Esses agiotas vendem a promessa de um sonho a preços elevadíssimos e com taxas de juros exorbitantes, a pessoas despercebidas e inocentes.
Na realidade, são só promessas. Há ainda, outros cobrando valores entre 5 e 20 mil escudos para fazer um agendamento de visto. Fique de olho!
Partilhamos essa história, de um Grupo de Timorenses, em Portugal, contada pela Agência Lusa em seu perfil no Instagram, que à semelhança de muitos, pagaram um preço caro pelo sonho europeu e hoje continuam sem perspetivas de trabalho, a viverem em condições indígnas e desumanas.
Timorenses em Serpa, distrito de Beja, com promessas desfeitas mantêm sonho europeu.
São mais de 800 em situação de vulnerabilidade, que por promessas de uma vida melhor foram atraídos a Portugal, mas encontraram uma realidade sem trabalho e de alojamento sobrelotados. Apesar disso, muitos timorenses que estão em Serpa mantêm o sonho e recusam voltar.
“Quero ficar em Portugal. Bendita não volta para Timor-Leste”, diz à Lusa Bendita Belo, uma das quatro mulheres de um grupo de 26 timorenses que mora no anexo de uma casa, no centro de Serpa. Tem seis filhos, que ficaram com os avós.
Bendita e o grupo com que coabita são uma pequena parte dos muitos timorenses chegados nos últimos meses à cidade alentejana. Após lhes terem prometido, no seu país, uma vida melhor em Portugal, acabaram por ver-se em terras portuguesas sem trabalho e sem dinheiro.
Com o portão que dá acesso ao anexo da casa sempre aberto, o entra-e-sai é uma constante, já que só três elementos deste grupo conseguiram arranjar trabalho. No anexo, cada um dos quatro quartos chega a ter três beliches, só com colchão e sem lençóis.
Tal como Bendita, também Mariano Silva, de 27 anos, explica que quer ficar para procurar trabalho, depois de ter pedido “cinco mil dólares” emprestado no seu país, para, através de “uma agência”, comprar o bilhete para a viagem.
“Agora, é uma vida ainda confusa, mas acredito que ainda é cedo”, diz Mariano, em inglês. Desde que chegou, há três meses, trabalhou apenas “três dias” na agricultura e, desde então, está sem trabalho.
Sem dinheiro, o grupo sobrevive com a ajuda da população local, que fornece arroz, carne e peixe, mas a comida é sempre pouca. O senhorio já os ameaçou de despejo, mas os timorenses alegam que o homem que lhes prometeu trabalho é que combinou pagar a renda.
Alberto Matos, dirigente da Associação Solidariedade Imigrante, acompanha quase diariamente estas pessoas e presta-lhes apoio. “O regresso é difícil, porque os agiotas e os cobradores de dívidas estão lá”, conta.
“Já ouvimos pais a pedirem-nos: ‘por favor não deixem o meu filho voltar'”, conta Alberto Matos, relatando que alguns timorenses já admitiram que contraíram dívidas em que são cobrados “juros de 100%”, ou seja, se “pediram 2.000 euros, têm de pagar 4.000”.
Em atualização sobre o caso, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta segunda-feira que as autoridades de Portugal e Timor-Leste estão a trabalhar em conjunto para criar condições de permanência para os timorenses recém-chegados em Portugal e a combater ilegalidades, nomeadamente “estruturas ilícitas ou ilegais de exploração, de tráfico, de mão-de-obra”.
Em visita oficial a Portugal, o presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, manifestou a determinação do país em “identificar e punir” os “grupos sem escrúpulos” que enganam os jovens timorenses com promessas de trabalho em países como Portugal e outros.
Fonte: Agência Lusa Instagram
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