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‘Governos e Mudanças em Tempos de Crise’, José Maria Neves

Doravante e neste período mais conturbado, as políticas públicas vão se constituindo e alterando todos os dias, em processos dinâmicos, ambíguos e voláteis.

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Foto: ANação

Pelos vistos, a ocidente tínhamos, a princípio, duas alternativas de combate ao novo coronavírus e ao Covid 19: deixar o contágio continuar até atingir 70 a 80% da população e garantir, por essa via, a chamada imunidade comunitária ou confinar as pessoas em casa, de modo a reduzir os contágios a um nível aceitável para a capacidade de processamento dos sistemas de saúde.

Ângela Merkel, a Chanceler Alemã, se não me falha a memória, foi a primeira de quem ouvi falar da primeira alternativa. Rapidamente a abandonou, para impor o confinamento em casa e um combate muito mais eficaz ao vírus. Trump e Boris Johnson, embora por muito mais tempo, insistiram na primeira hipótese, mas acabaram, face à dimensão da ameaça, a arrepiar caminho e a aceitar as recomendações da OMS, que apontavam para o isolamento social e o confinamento em casa.

Na verdade, segundo a OMS e as equipas interdisciplinares criadas em vários países, o distanciamento social e o consequente confinamento em casa levariam ao achatamento da curva de contágio e permitiriam que os sistemas de saúde tivessem capacidade de processamento e de resposta, mas a pandemia prolongar-se-ia no tempo, até que se conseguisse uma vacina ou um medicamento.

Se Portugal até agora tem conseguido conter a propagação, achatar a curva e evitar o colapso do sistema nacional de saúde, talvez por ter tomado medidas a tempo, a Itália e a Espanha, por razões várias, que não cabe aqui dissecar, perderam o controle, os serviços de saúde colapsaram e tem sido muitíssimo angustiante ver a devastação humana, social e económica que o novo coronavírus tem provocado nesses países…

Ninguém sabe, pois, quando esta pandemia terminará. A devastação continua e as consequências para a humanidade podem ser catastróficas.

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Os próximos meses são inéditos, imprevisíveis e terrivelmente angustiantes.

A única alternativa é mantermo-nos em casa e
cuidarmos de nós e de dos outros, sempre na perspetiva de que nada será como dantes na terra.

Segundo Yuval Noah Harari, num artigo recentemente publicado no Finantial Times, “as decisões tomadas pelas pessoas e pelos governos nas próximas semanas provavelmente moldarão o mundo nos próximos anos”.

Por isso, as pessoas e os governos, apesar da pressão do tempo e da grande tensão do momento – estamos todos muito desgastados emocionalmente, vulneráveis e muito sensíveis -, têm de pensar rápido, bem e estrategicamente, o que é extraordinariamente complexo e difícil.

A arte de governar terá de mudar desde já. O que fizemos até ontem já não serve. Temos que inventar todos os dias mecanismos, estilos e políticas para agir e governar nos tempos que correm.

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O caminho é o reforço da cooperação política entre a maioria e a oposição na discussão antecipada das alternativas de solução, na adoção rápida de novas políticas públicas e na avaliação conjunta da sua implementação e introdução de melhorias.

Doravante e neste período mais conturbado, as políticas públicas vão se constituindo e alterando todos os dias, em processos dinâmicos, ambíguos e voláteis.

A governança, de ora em diante, requer mecanismos rápidos de formação de consensos, todos os dias, a toda a hora. Outros mecanismos de trabalho governamental devem ser criados, os parceiros sociais estão permanentemente convocados e os partidos com representação parlamentar devem estar na mesa do Governo.

O Presidente da República, o Presidente do Parlamento, o Primeiro Ministro, os Líderes dos principais partidos, os Ministros, pelo menos os mais concernidos, os Presidentes dos Grupos Parlamentares devem criar um espaço permanente de articulação institucional para a adoção de políticas públicas formuladas sob a pressão do tempo, mas que perdurarão no tempo.

Esta pandemia obriga-nos a uma rápida mudança de chip.

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Fiquem em casa e cuidem-se.

Escrito por José Maria Neves

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Povo Fla

Militares de CABO VERDE deixam a Guarda Nacional

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Não é que os Militares da Nação Caboverdiana fazem o serviço de outros funcionários do Estado?

Não seria dever e providencia do Estado da Nação em satisfazer as necessidades de segurança nacional bem como facilitar o transporte de cidadãos entre as ilhas?

Vejam as duas imagens:

O NP “Rei” efetuou, no dia 15 de novembro, assistência a um tripulante de um veleiro que sofreu um incêndio a bordo e se encontrava a 17 milhas náuticas do Porto Grande, a sul da ilha de São Vicente, mais concretamente nas proximidades da zona de São Pedro.

O Centro Conjunto de Coordenação e Salvamento (JRCC), recebeu pelas 07:00 um alerta COSTAS SARSAT (tratado que tem como objetivo o fornecimento de informações precisas, oportunas e confiáveis de alerta e localização de emergências aeronáuticas e marítimas para ajudar as autoridades SAR – “search and rescue” – busca e salvamento no cumprimento de sua missão), do veleiro de Bandeira Francesa “LYLOU”, com um tripulante, por se ter deflagrado um incendio a bordo. Foi deslocado, de imediato, a embarcação NP “Rei”, para o local do incidente para verificação e acompanhamento do caso, tendo-se confirmado o incendio e posteriormente o afundamento do referido veleiro.

O tripulante que se encontrava a bordo do veleiro abandonou o mesmo e ficou resguardado numa balsa, tendo sido resgatado por uma embarcação de pesca de nome Alessandro, que se encontrava ancorado na baia de São Pedro, depois transportado pelo NP “Rei” ao Porto Grande e entregue as autoridades competentes para os devidos efeitos.

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O Navio SAR Ilhéu dos Pássaros foi mais uma vez empenhado para realizar uma evacuação médica (MEDEVAC), com a máxima urgência, no dia 18 de novembro, por volta das 08:50.

Desta feita, foi realizado a evacuação de dois pacientes da ilha da Brava para a ilha do Fogo, após o Centro Conjunto de Coordenação e Salvamento (JRCC) ter recebido uma chamada telefónica do Delegado de Saúde da ilha da Brava, solicitando uma evacuação médica urgente.

Após a chegada dos pacientes, seus acompanhantes e da equipa médica, o Navio SAR Ilhéu dos Pássaros largou do Porto da Furna às 10:40, em direção a ilha do Fogo, tendo atracado no Porto Vale dos Cavaleiros às 11:43. A referida evacuação foi concluída com sucesso e dentro das normas de segurança e os evacuados, após o desembarque, foram encaminhados ao Hospital Regional São francisco de Assis e o navio regressado ao Porto da Furna, seu porto base.

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Povo Fla

Os 10 Erros nas Projeções sobre o Coronavírus em Cabo Verde, segundo o médico Julio Andrade

O médico e presidente do Conselho da Administração do Hospital Central Agostinho Neto, Júlio Andrade, analisa os estudos sobre Projeções da COVID-19 em Cabo Verde e aponta 10 erros.

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Segue, na íntegra, texto publicado pelo médico Júlio Andrade, em seu perfil no Facebook, apontando os erros nas projeções sobre o coronavírus em Cabo Verde, divulgada pela InforPress no dia 12 do corrente mês.

A PROPÓSITO DOS ESTUDOS SOBRE AS PROJEÇÕES DA INFECÇÃO DO COVID-19 EM CABO VERDE

Tendo em consideração o estudo recentemente publicado, com pompa e circunstância, achei ser meu dever de cidadão e de médico, por a minha experiência de combate a endemias e epidemias ao longo dos meus 34 anos de exercício de medicina, nomeadamente no combate da Lepra, Tuberculose, Paludismo, Cólera, Dengue, Zica e COVID19, ao serviço da opinião pública, deixar a minha opinião sobre a divulgação dos estudos sobre as projecções da infecção em Cabo Verde.
Aproveito desde já para manifestar que não conheço o estudo, mas sim os dados publicados na comunicação social.

Ninguém discute a importância de estudos científicos que facilitam a tomada de decisões, mas é sempre prudente ter-se em conta as limitações do próprio estudo. Das informações vindas a público, parece que se utilizou uma metodologia com modelos retirados da evolução da epidemia noutros países. Pode ser aceitável não só como exercício académico, mas também como uma simulação, mas há que ter em conta as limitações que devem ser explicitadas.

Tenho enorme respeito e consideração pela capacidade técnica e intelectual pelo meu amigo e contemporâneo liceal, engenheiro José Augusto Fernandes, mas na minha humilde opinião, está profundamente equivocado e espero que esteja errado pelas seguintes razões:

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1º. Partiu de pressupostos errados, 7% da população está infectada, ao tomar dados de análises feitos em Cabo Verde o que não é equivalente a uma amostragem aleatória na população geral;

2º. Parece-me, pelas informações que pude colher na comunicação social, não levou em consideração os grupos etários da nossa população, que é maioritariamente jovem ao contrario do estudo não partiu de cenário real, mas virtual;

3º. Ignorou que somos ilhas, com uma forte componente rural, realidades que facilitam a criação de cordão sanitário e reduzir a propagação do vírus;

4º. Não partiu de uma amostragem aleatória, mas sim de análise de doentes com suspeitas de COVID19, que nada tem a ver com a incidência da doença na população geral;

5º. Ignorou evidências científicas e estatísticas mundiais que demostram, de forma categórica, que em cada cem infectados, quinze a vinte terão sintomas e precisarão de cuidados médicos e cinco necessitarão de cuidados intensivos. Em cabo verde só três nacionais necessitaram ainda de cuidados médicos o que significa, a meu ver, haverá, no máximo, 15 pessoas infectadas em Cabo Verde;

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6º. Nós conhecemos o número de testes positivos, mas outro aspecto a considerar é o número de testes realizados. Talvez fosse razoável ponderar o seu número ainda reduzido. Isso relativizaria os resultados, não é? É importante o ponto de partida. Se partirmos de primícias que não são muito rigorosas, o resto pode ficar comprometido. Vendo assim, muito rapidamente, e não esquecendo qual a situação actual, não parece muito plausível e estaticamente quase impossível que em três meses (Julho), venhamos a ter o numero de infectados projectado nos dois estudos apresentados;

7º. Ignorou que países como Coreia do Sul, República Checa, China Continental, Macau e Hong Kong que conjugaram isolamento social e uso de máscaras universais a incidência de COVID19 foi das mais baixas do mundo e que não tiveram evolução em pico mas sim em planalto;

8º. Este estudo não serve para tomada de qualquer decisão racional no Sector da Saúde e veio muito extemporâneo, numa altura em que a evidência mostra o contrário das previsões dos dois estudos apresentados;

9º. Cabo Verde, apesar de ter muitas fragilidades no Sector da Saúde, tem um SNS minimamente estruturado e relativamente resiliente e com as medidas assertivas já tomadas pelo Governo não prevejo nenhum dos cenários apresentados.

10º. Os cenários apresentados são irrealistas e não se verificaram ainda em nenhuma latitude, pelo que a população deve continuar ter autodisciplina e respeitar as recomendações do Governo de SNS. Tanto assim é, que o primeiro “modelo não serve, está ultrapassado” visto que medidas várias foram tomadas (lavagem das mãos, distanciamento social, fecho das escolas, isolamento, fecho de fronteiras, quarentenas, estado de emergência com as restrições inerentes, etc.). É evidente que todas essas intervenções (e outras) influenciam a(s) curva (s) e o que ela(s) representa(m).

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Sendo o primeiro modelo ultrapassado, não vi muita razão para se insistir tanto nele. Se nada tivesse sido feito e se se esperasse pela imunidade de grupo (mais de 70% da população infectada) a situação eventualmente poderia ser uma daquelas que se apresentou.

Para terminar, creio ser possível que isto tudo esteja na base da leitura que se tem feito (veja-se particularmente o artigo da Inforpress); não esclareceu nada e trouxe aquilo que menos precisamos neste momento: a perda da nossa tranquilidade para melhor podermos cumprir aquilo que as autoridades nos recomendam.

Decidamente, não é uma mensagem que a população precisa neste momento para continuar fazer face com sucesso à pandemia do Covid-19.

Praia, 11 de abril de 2020

Julio Barros Andrade

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Fonte: JBA

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Povo Fla

Estágios: é a nova ‘moda’ em Cabo Verde

Estagiário: um cursado sem experiência, sem respeito, de bolso vazio e a mente bem distante… Oh terra sofrida!

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Photo by Mimi Thian on Unsplash

Quatros anos na universidade; rabisco de sonhos no papel; um coração ávido para contribuir pelo seu país. Você sonha com o primeiro emprego e já planeja sua vida.

Mas a realidade, depois de transpor os portões da universidade, é outra. Uma realidade bem mais dura do que sonhamos.

Você é cursado, sem experiência profissional; uma empresa lhe oferece uma oportunidade de estágio por alguns dias ou meses e quando terminar este período te despede e colocam um outro estagiário em seu lugar, porque podem fazer isso.

Isso quer dizer que a empresa não precisa de você; você é descartável porque sempre poderão encontrar outro estagiário, como você, para “usarem”. E você, vai sentar em casa até surgir uma oportunidade de emprego ou procura outro estágio em uma outra empresa.

E o pior de tudo, de graça. Sorte de quem conseguir um estágio remunerado. Pode conseguir, esperando na fila do IEFP ou se cair no gosto de alguma empresa.

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Essa piada precisa parar…

Quinze ou trinta dias de estágio nem serve para colocar como experiência no currículo.

Empresas que precisam de estagiários devem pensar numa forma de recrutar o estagiário ao final do estágio, ou pelo menos oferecer um estágio remunerado. Por que não oferecer estágio remunerado?

Entendo que o estágio é para treinar a pessoa para ocupar um posto que, talvez, não tenha experiência. Mas, se depois de trinta ou cento e oitenta dias (seis meses) a Empresa não contrata o estagiário, pra quê estagiar?

Pensando assim, tanto fazer estagiar ou não, certo?

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E quando o estágio não é remunerado, como pagar o transporte, o almoço, comprar uma camisa nova? Melhor seria servir a um pedreiro e receber diariamente, não é? Compensaria! Depois de trinta dias o dinheiro daria para alguns kilos de arroz em casa.

Agora vamos falar ‘na lingua di terra’ …

Otu grandi verdadi eh que bo eh ka só un estagiariu, bu ta passa ta ser mininu de mandadu na nomi di estagiariu, nem sempre tem alguen na empresa pa treinau e bu tem que nguli tudo desaforu di donu de empresa ou algun mandanti la dentu…

Mas alguen podi pergunta: “e kel experiensia, eh ka ten um valor?”

  1. tem sim, eh um grandi beneficiu pa empresa, ten alguen ta trabadja pa el x meses di grasa;
  2. tem sim, un grandi benefisiu pa mi si dipos di trabadja di grasa n tiver un oportunidadi di trabadju; se não, pa kuse n mesti experiensias di 1, 2 ou 3 meses na 50 empresas si na final di contas nem eh ka ta sirbi pa pa kumpri kes exigencias de 5 anos de experisia pa un empregu?
  3. experiensia ê experiensia sempri, mas es situason di nos terra eh maz uma explorasan di que oportunidadi (disso q falo);

Nós q bai escola ku sacrifisiu pa ten um formason, nu ka podi fika ta mendiga estagiu de 1, 2, 3 ou 6 meses di grasa i dipos permite ser deskartadu pa nenhum empresa, isso eh desvaloriza bu pessoa komu profissional; empresa ka podi fika ta odjanu komu mendingus maz komu un kolaborador (cursadu, ku bagagem msm q teoriku, ku konhesimentu) q podi djuda empresa a kresci…

Mas, pa kelotu lado, txeu bes bu ten que bai simé, ku esperansa ma algun empresa ta contratau.

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Haja empregu i muita força pa nós recem-formadus i kes que te inda sta estagia!

Este mesmo texto foi compartilhado na Página Vagas Cabo Verde no Facebook, e as histórias de estagiários são tristes de se ouvir. Leia!

Onde conseguir estágios remunerado em Cabo Verde?

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