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Povo Fla

Um olhar sobre o ano da política em Cabo Verde

Apesar de tudo, o povo vai às urnas este ano decidir quem governa Cabo Verde nos próximos anos.

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FOTO: freepik

O ano de 2016 começa barulhento nas ruas de Cabo Verde. Um ano marcante na política Cabo-verdiana, com as eleições Legislativas, Autárquicas e Presidenciais. O povo vai às urnas em três momentos, com um espaço curto entre um e outro, decidir quem governará Cabo Verde.

Desde muito cedo, nunca me interessei por assuntos políticos, mesmo estando envolvido de alguma forma como cidadão. As impressões que eu tive desde criança não eram das melhores e a visão de meu pai sobre o assunto nunca me deu moral para querer saber do assunto.

Nas ruas eu via o desenrolar das campanhas políticas e algumas vezes eu via o rosto de algum político que só tinha visto em cartazes em tempos de eleições ou em noticiários na TV. Da boca do povo eu escutava “ê nho k du krê” durante as campanhas e depois das eleições via alguns na porta da Câmara Municipal reclamando de alguma coisa.

Em minha ingenuidade, nunca consegui entender por que o povo reclamava de um presidente da Câmara ou o Primeiro Ministro ou o Presidente da República; se o povo escolhe alguém para trabalhar em seu favor, por que isso não funciona desse jeito? Seria algum erro da ciência política ou a má governança?

Eu cresci debatendo esses pensamentos em minha mente, mas nunca perguntei a ninguém sobre o assunto, só que de certa forma isso criava dentro de mim uma aversão à política e tudo e todos que fazem parte disso, de alguma forma.

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Cabo Verde vive um dos momentos mais desafiadores de sua história, penso eu. Com uma economia fragilizada, o povo vive na incerteza de dias melhores, mas na visão das “gentes grandes” sobre o assunto, é de que virão dias de glória, glória essa que o povo não acredita que irá chegar. O povo é apenas um espectador dos rumos que o país toma nas mãos de seus governantes e acreditando ou não em suas falácias, isso não vai aumentar o arroz na panela pro jantar, mas como cidadão precisa votar.

Dias atrás o Presidente disse que precisam encontrar uma estratégia para tornar o Recenseamento obrigatório no país e automático na diáspora. Fico pensando: num país em que o povo vive ainda as traumas da escravatura e de certa forma escravo de seu próprio governo, por que o Censo? Pra quê contar as cabeças? Próximo às eleições, entendemos a preocupação do PR, com todo o respeito.

Em 2008 fiz o recenseamento eleitoral antes de sair do país, só retornei em 2014 e durante esse tempo não votei, até porque onde eu estava não dava pra exercer esse “dever” cívico.

Final de 2015 começa o recenseamento eleitoral e eu saí do país antes de terminar o processo sem fazer o recenseamento. Em Março o povo vai às urnas e eu não. Mais uma vez livre de nomear alguém para ocupar algum cargo político.

Nós procuramos sobreviver de alguma forma e nem penso que se eu não votar eu estaria votando em uma liderança injusta, como alguns dizem por aí. Todo o cidadão sabe que voto é um dever cívico, mas ante tanto “sofrimento”, eu penso que o melhor seria não votar em ninguém, porque de qualquer forma o país será governado por alguém que fará a mesma coisa ou pior que o antecessor.

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Isso não é uma campanha apolítica, é um pensamento pessoal, mesmo que transpareça a aversão à política.

A política é tão suja e duvidosa que dificilmente creio nas palavras de algum líder político e essa descrença cria um espírito de revolta e, tudo o que envolve política, já causa um certo tipo de desconforto e tensão; porque nós esperamos mais de um governante; nós escolhemos quem governar; mas depois da posse toda a festa acaba, o povo volta à sua velha vida na esperança de dias melhores e o eleito continua fazendo a sua política.

Não há emprego no país! Essa afirmação pode não ser a correta, mas levando em consideração o cenário todo, não há emprego. Profissionais da educação reclamam da má administração do MED, falta de materiais, atrasos salariais; a única companhia aérea do país vive o pior momento de seus 57 anos de existência e o governo tem a sua participação nisso; a vida do povo não muda; não existem políticas voltadas ao desenvolvimento do país; cresce a desesperança e o futuro parece incerto.

Mas, apesar de tudo isto, o povo vai às urnas este ano decidir quem governa Cabo Verde nos próximos anos. Nós precisamos votar, nós vamos votar, só não acreditamos que haverá mudanças profundas que o povo necessita no próximo mandato.

Se os futuros eleitos à governança da nação trabalharão para um Cabo Verde mais justo e verde não sabemos, e como cidadão cabo-verdiano a única certeza que eu tenho é que eu continuarei lutando para realizar meus sonhos de vida e pagar os impostos.

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Que 2016 seja um ano de vitórias para o povo Cabo-verdiano, que vive na esperança de dias de glória, e que ao chegarem às urnas façam o vosso voto valer a pena; que a consciência da cada Cabo-verdiano seja fixa num bem maior e nomeie alguém que pensa em um Cabo Verde melhor e luta para ver essa realidade.

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Povo Fla

Militares de CABO VERDE deixam a Guarda Nacional

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Não é que os Militares da Nação Caboverdiana fazem o serviço de outros funcionários do Estado?

Não seria dever e providencia do Estado da Nação em satisfazer as necessidades de segurança nacional bem como facilitar o transporte de cidadãos entre as ilhas?

Vejam as duas imagens:

O NP “Rei” efetuou, no dia 15 de novembro, assistência a um tripulante de um veleiro que sofreu um incêndio a bordo e se encontrava a 17 milhas náuticas do Porto Grande, a sul da ilha de São Vicente, mais concretamente nas proximidades da zona de São Pedro.

O Centro Conjunto de Coordenação e Salvamento (JRCC), recebeu pelas 07:00 um alerta COSTAS SARSAT (tratado que tem como objetivo o fornecimento de informações precisas, oportunas e confiáveis de alerta e localização de emergências aeronáuticas e marítimas para ajudar as autoridades SAR – “search and rescue” – busca e salvamento no cumprimento de sua missão), do veleiro de Bandeira Francesa “LYLOU”, com um tripulante, por se ter deflagrado um incendio a bordo. Foi deslocado, de imediato, a embarcação NP “Rei”, para o local do incidente para verificação e acompanhamento do caso, tendo-se confirmado o incendio e posteriormente o afundamento do referido veleiro.

O tripulante que se encontrava a bordo do veleiro abandonou o mesmo e ficou resguardado numa balsa, tendo sido resgatado por uma embarcação de pesca de nome Alessandro, que se encontrava ancorado na baia de São Pedro, depois transportado pelo NP “Rei” ao Porto Grande e entregue as autoridades competentes para os devidos efeitos.

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O Navio SAR Ilhéu dos Pássaros foi mais uma vez empenhado para realizar uma evacuação médica (MEDEVAC), com a máxima urgência, no dia 18 de novembro, por volta das 08:50.

Desta feita, foi realizado a evacuação de dois pacientes da ilha da Brava para a ilha do Fogo, após o Centro Conjunto de Coordenação e Salvamento (JRCC) ter recebido uma chamada telefónica do Delegado de Saúde da ilha da Brava, solicitando uma evacuação médica urgente.

Após a chegada dos pacientes, seus acompanhantes e da equipa médica, o Navio SAR Ilhéu dos Pássaros largou do Porto da Furna às 10:40, em direção a ilha do Fogo, tendo atracado no Porto Vale dos Cavaleiros às 11:43. A referida evacuação foi concluída com sucesso e dentro das normas de segurança e os evacuados, após o desembarque, foram encaminhados ao Hospital Regional São francisco de Assis e o navio regressado ao Porto da Furna, seu porto base.

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Povo Fla

Os 10 Erros nas Projeções sobre o Coronavírus em Cabo Verde, segundo o médico Julio Andrade

O médico e presidente do Conselho da Administração do Hospital Central Agostinho Neto, Júlio Andrade, analisa os estudos sobre Projeções da COVID-19 em Cabo Verde e aponta 10 erros.

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Segue, na íntegra, texto publicado pelo médico Júlio Andrade, em seu perfil no Facebook, apontando os erros nas projeções sobre o coronavírus em Cabo Verde, divulgada pela InforPress no dia 12 do corrente mês.

A PROPÓSITO DOS ESTUDOS SOBRE AS PROJEÇÕES DA INFECÇÃO DO COVID-19 EM CABO VERDE

Tendo em consideração o estudo recentemente publicado, com pompa e circunstância, achei ser meu dever de cidadão e de médico, por a minha experiência de combate a endemias e epidemias ao longo dos meus 34 anos de exercício de medicina, nomeadamente no combate da Lepra, Tuberculose, Paludismo, Cólera, Dengue, Zica e COVID19, ao serviço da opinião pública, deixar a minha opinião sobre a divulgação dos estudos sobre as projecções da infecção em Cabo Verde.
Aproveito desde já para manifestar que não conheço o estudo, mas sim os dados publicados na comunicação social.

Ninguém discute a importância de estudos científicos que facilitam a tomada de decisões, mas é sempre prudente ter-se em conta as limitações do próprio estudo. Das informações vindas a público, parece que se utilizou uma metodologia com modelos retirados da evolução da epidemia noutros países. Pode ser aceitável não só como exercício académico, mas também como uma simulação, mas há que ter em conta as limitações que devem ser explicitadas.

Tenho enorme respeito e consideração pela capacidade técnica e intelectual pelo meu amigo e contemporâneo liceal, engenheiro José Augusto Fernandes, mas na minha humilde opinião, está profundamente equivocado e espero que esteja errado pelas seguintes razões:

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1º. Partiu de pressupostos errados, 7% da população está infectada, ao tomar dados de análises feitos em Cabo Verde o que não é equivalente a uma amostragem aleatória na população geral;

2º. Parece-me, pelas informações que pude colher na comunicação social, não levou em consideração os grupos etários da nossa população, que é maioritariamente jovem ao contrario do estudo não partiu de cenário real, mas virtual;

3º. Ignorou que somos ilhas, com uma forte componente rural, realidades que facilitam a criação de cordão sanitário e reduzir a propagação do vírus;

4º. Não partiu de uma amostragem aleatória, mas sim de análise de doentes com suspeitas de COVID19, que nada tem a ver com a incidência da doença na população geral;

5º. Ignorou evidências científicas e estatísticas mundiais que demostram, de forma categórica, que em cada cem infectados, quinze a vinte terão sintomas e precisarão de cuidados médicos e cinco necessitarão de cuidados intensivos. Em cabo verde só três nacionais necessitaram ainda de cuidados médicos o que significa, a meu ver, haverá, no máximo, 15 pessoas infectadas em Cabo Verde;

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6º. Nós conhecemos o número de testes positivos, mas outro aspecto a considerar é o número de testes realizados. Talvez fosse razoável ponderar o seu número ainda reduzido. Isso relativizaria os resultados, não é? É importante o ponto de partida. Se partirmos de primícias que não são muito rigorosas, o resto pode ficar comprometido. Vendo assim, muito rapidamente, e não esquecendo qual a situação actual, não parece muito plausível e estaticamente quase impossível que em três meses (Julho), venhamos a ter o numero de infectados projectado nos dois estudos apresentados;

7º. Ignorou que países como Coreia do Sul, República Checa, China Continental, Macau e Hong Kong que conjugaram isolamento social e uso de máscaras universais a incidência de COVID19 foi das mais baixas do mundo e que não tiveram evolução em pico mas sim em planalto;

8º. Este estudo não serve para tomada de qualquer decisão racional no Sector da Saúde e veio muito extemporâneo, numa altura em que a evidência mostra o contrário das previsões dos dois estudos apresentados;

9º. Cabo Verde, apesar de ter muitas fragilidades no Sector da Saúde, tem um SNS minimamente estruturado e relativamente resiliente e com as medidas assertivas já tomadas pelo Governo não prevejo nenhum dos cenários apresentados.

10º. Os cenários apresentados são irrealistas e não se verificaram ainda em nenhuma latitude, pelo que a população deve continuar ter autodisciplina e respeitar as recomendações do Governo de SNS. Tanto assim é, que o primeiro “modelo não serve, está ultrapassado” visto que medidas várias foram tomadas (lavagem das mãos, distanciamento social, fecho das escolas, isolamento, fecho de fronteiras, quarentenas, estado de emergência com as restrições inerentes, etc.). É evidente que todas essas intervenções (e outras) influenciam a(s) curva (s) e o que ela(s) representa(m).

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Sendo o primeiro modelo ultrapassado, não vi muita razão para se insistir tanto nele. Se nada tivesse sido feito e se se esperasse pela imunidade de grupo (mais de 70% da população infectada) a situação eventualmente poderia ser uma daquelas que se apresentou.

Para terminar, creio ser possível que isto tudo esteja na base da leitura que se tem feito (veja-se particularmente o artigo da Inforpress); não esclareceu nada e trouxe aquilo que menos precisamos neste momento: a perda da nossa tranquilidade para melhor podermos cumprir aquilo que as autoridades nos recomendam.

Decidamente, não é uma mensagem que a população precisa neste momento para continuar fazer face com sucesso à pandemia do Covid-19.

Praia, 11 de abril de 2020

Julio Barros Andrade

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Fonte: JBA

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Povo Fla

Estágios: é a nova ‘moda’ em Cabo Verde

Estagiário: um cursado sem experiência, sem respeito, de bolso vazio e a mente bem distante… Oh terra sofrida!

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Photo by Mimi Thian on Unsplash

Quatros anos na universidade; rabisco de sonhos no papel; um coração ávido para contribuir pelo seu país. Você sonha com o primeiro emprego e já planeja sua vida.

Mas a realidade, depois de transpor os portões da universidade, é outra. Uma realidade bem mais dura do que sonhamos.

Você é cursado, sem experiência profissional; uma empresa lhe oferece uma oportunidade de estágio por alguns dias ou meses e quando terminar este período te despede e colocam um outro estagiário em seu lugar, porque podem fazer isso.

Isso quer dizer que a empresa não precisa de você; você é descartável porque sempre poderão encontrar outro estagiário, como você, para “usarem”. E você, vai sentar em casa até surgir uma oportunidade de emprego ou procura outro estágio em uma outra empresa.

E o pior de tudo, de graça. Sorte de quem conseguir um estágio remunerado. Pode conseguir, esperando na fila do IEFP ou se cair no gosto de alguma empresa.

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Essa piada precisa parar…

Quinze ou trinta dias de estágio nem serve para colocar como experiência no currículo.

Empresas que precisam de estagiários devem pensar numa forma de recrutar o estagiário ao final do estágio, ou pelo menos oferecer um estágio remunerado. Por que não oferecer estágio remunerado?

Entendo que o estágio é para treinar a pessoa para ocupar um posto que, talvez, não tenha experiência. Mas, se depois de trinta ou cento e oitenta dias (seis meses) a Empresa não contrata o estagiário, pra quê estagiar?

Pensando assim, tanto fazer estagiar ou não, certo?

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E quando o estágio não é remunerado, como pagar o transporte, o almoço, comprar uma camisa nova? Melhor seria servir a um pedreiro e receber diariamente, não é? Compensaria! Depois de trinta dias o dinheiro daria para alguns kilos de arroz em casa.

Agora vamos falar ‘na lingua di terra’ …

Otu grandi verdadi eh que bo eh ka só un estagiariu, bu ta passa ta ser mininu de mandadu na nomi di estagiariu, nem sempre tem alguen na empresa pa treinau e bu tem que nguli tudo desaforu di donu de empresa ou algun mandanti la dentu…

Mas alguen podi pergunta: “e kel experiensia, eh ka ten um valor?”

  1. tem sim, eh um grandi beneficiu pa empresa, ten alguen ta trabadja pa el x meses di grasa;
  2. tem sim, un grandi benefisiu pa mi si dipos di trabadja di grasa n tiver un oportunidadi di trabadju; se não, pa kuse n mesti experiensias di 1, 2 ou 3 meses na 50 empresas si na final di contas nem eh ka ta sirbi pa pa kumpri kes exigencias de 5 anos de experisia pa un empregu?
  3. experiensia ê experiensia sempri, mas es situason di nos terra eh maz uma explorasan di que oportunidadi (disso q falo);

Nós q bai escola ku sacrifisiu pa ten um formason, nu ka podi fika ta mendiga estagiu de 1, 2, 3 ou 6 meses di grasa i dipos permite ser deskartadu pa nenhum empresa, isso eh desvaloriza bu pessoa komu profissional; empresa ka podi fika ta odjanu komu mendingus maz komu un kolaborador (cursadu, ku bagagem msm q teoriku, ku konhesimentu) q podi djuda empresa a kresci…

Mas, pa kelotu lado, txeu bes bu ten que bai simé, ku esperansa ma algun empresa ta contratau.

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Haja empregu i muita força pa nós recem-formadus i kes que te inda sta estagia!

Este mesmo texto foi compartilhado na Página Vagas Cabo Verde no Facebook, e as histórias de estagiários são tristes de se ouvir. Leia!

Onde conseguir estágios remunerado em Cabo Verde?

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